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28 novembro 2009

Por uma geografia do poder - Raffestin

O quadro de Goya foi usado na capa do livro: Pour une géographie du pouvoir (por uma geografia do poder) de Claude Raffestin, ele representa as tramas do poder segundo Raffestin:

Don Manuel Osorio de de Zuniga - Goya

Ao escrever isso nos vem a à memória um quadro de Goya que, para além do que representa, expressa com incrível precisão o complexo emaranhado da trama que as relações de poder tecem nos espetáculos mais insignificantes. Pensamos neste Don Manuel Osorio de de Zuniga, que coloca em cena uma criança e seus brinquedos "vivos". A criança vestida de vermelho, o ator por excelência, e também os animais dispostos aos seus pés, à direita, à esquerda e a frente, compõem o significado do espaço do quadro. O significado do espaço também é dado pelas relações mantidas pelos elementos desta composição. A obra de Goya é uma fascinante metáfora pictural de sistema de poder. Sem duvida a criança domina por sua presença realçada pelo vermelho, mas só domina porque todas as relações passadas, presentes e futuras passam por ela. É ela que quem segura o cordão que prende o pássaro colocado à sua frente, cujo os movimentos potenciais são determinados pela maior ou menor liberdade que a criança lhe proporcionará. Á direita dela, três gatos, cuja cabeças ocupam os vértices de um triângulo imaginário, têm o olhar voltado para o pássaro, no qual vêem um trunfo para a violência deles. Violência contida, prestes a se manifestar, mas que a presença da criança impede.Prova disso é a falta de medo do pássaro, que se esforça em levantar uma carta com o bico. Do lado esquerdo da criança, uma gaiola contendo outros pássaros menores expressa o caráter de prisão em segundo plano, do espaço construído. Todos esses animais são trunfos para a criança que os controlam e com eles matem relações de poder. contudo, bastaria que cessasse a convenção - que mantém os gatos em repousa - para que a cena se animasse e se revertesse em drama. A criança também é o trunfo destes animais; é tanto prisão como garantia; ela faz pesar sobre eles a ambigüidade de sua vontade. É a medida da incerteza e a parte do acaso, para eles e para si. É portanto , a representação de um equilíbrio entre uma infinidade de desequilíbrios brios possíveis que podemos imaginar, mas não verificar. as relações de poder se escrevem numa cinemática complexa. (RAFFESTIN, 1993, p. 6-7)

BIBLIOGRAFIA:

RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria Cecília França. São Paulo: Ática, 1993.

21 novembro 2009

O espaço miltoniano

Milton Santos

Ao enfocar toda uma linha histórica de construção do objeto de estudo para a Geografia é necessário se ressaltar aqui a construção miltoniana para espaço geográfico. Milton Santos representa a corrente da Geografia Crítica no Brasil que nasce no final das décadas de 70, em “Por uma Geografia Nova”, lançada em 1978, SANTOS, considera o espaço como uma instância da sociedade construída e reconstruída através de um processo dialético. Os debates epistemológicos por muito tempo correram em torno da Geografia como ciência, entretanto o seu objeto ficou esquecido. SANTOS, 2001, trouxe a importância para a discussão em torno do objeto e método da Geografia como primordial construindo um longo projeto de um sistema de idéias sobre o espaço geográfico. “Trata-se de formular um sistema de conceitos (jamais um só conceito!) que dê conta de todo e das partes em sua interação” (SANTOS, 2001, p. 77).

SANTOS, 2001, considera o espaço primeiramente como um “conjunto de fixos e fluxos”, os elementos fixos como estradas, pontes, construções, barragens e etc, os fluxos são os movimentos que são condicionados pelas ações. Há uma interação entre os fixos e os fluxos construindo e reconstruindo o espaço, os fixos que produzem fluxos, e este que levam a reprodução de fixos e vice-versa. Ao aprofundar a discussão SANTOS, 2001, defini o espaço como “um conjunto indissociável, solidário e também contraditório de um sistema de objetos e sistema de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá. No decorrer da evolução e da apropriação do espaço o homem cada fez mais substitui elementos naturais por objetos artificiais que funcionam como uma engrenagem. No sistema de idéias feito por SANTOS, 2001, os objetos e ações são partes indissociáveis que formam o espaço, onde ambos interagem entre si:

De um lado os sistema de objetos condicionam a forma como se dão as ações e, de outro lado , o sistemas de ações leva a criação de objetos novos ou se realiza sobre os objetos pré-existentes. É assim que o espaço encontra a sua dinâmica e se transforma (SANTOS, 2001, p 63).

O espaço é o conjunto desta interação entre ações e objetos como processo ou resultado levando a uma multiplicidade de situações e processos. Na sistematização de um sistema de idéias que SANTOS, 2001, faz sobre o espaço é elaborado um conjunto de conceitos sobre o espaço como um “conjunto indissociável de sistema de objetos e sistema de ações”. Assim o espaço pode ser explicado pelas: categorias analíticas internas, recortes espaciais e pelos processos básicos que são externos ao espaço. As categorias analíticas internas são; paisagem, configuração territorial, divisão territorial do trabalho, o espaço produzido ou produtivo, as rugosidades e as formas conteúdo. Entre os recortes espaciais estão: região, lugar, redes e escala. Externos ao espaço são destacados os processos básicos: a técnica, a ação, os objetos, a norma e os eventos a universalidade e a particularidade, a totalidade e totalização, a temporalização e a temporalidade, a idealização e a objetivação, os símbolos e a ideologia.

Cabe aqui algumas definições de alguns conceitos do sistema de idéias de SANTOS, 2001, comecemos pela “configuração territorial”. Para SANTOS, 2001 a “configuração territorial” é o conjunto de sistemas naturais em uma área, Milton Santos não considera como espaço, mas sendo apenas a materialidade, no espaço esta presente esta materialidade juntamente com a vida que o anima. Com o desenvolvimento histórico do homem o conjunto de complexos naturais vai sendo moldado pelo homem criando as “próteses” que SANTOS, 2001, considera como uma extensão do corpo do homem que estende ao espaço. Paisagem é a porção da configuração territorial que é possível abarcar com a visão, ou seja, é o conjunto de elementos naturais, porém em uma área mais delimitada. A paisagem é o conjunto de elementos naturais e humanizados, retirando a presença da sociedade, porém a sua dinâmica se dá mais pela ação da sociedade por acumulações e substituições por ação de diferentes sociedades. Há uma indivisibilidade dos objetos das ações pelo fato de haver um constante movimento produção e reprodução do espaço levando para uma constante sucessão das “formas-conteúdo”, ou seja, o espaço tem objetos com formas, mas também conteúdo que leva a interagir com a estas formas estas com o conteúdo. Com o processo de “totalidade” e possível compreender o movimento das “formas-conteúdo”, sendo que a “totalidade” é processo constante, havendo neste a “totalização” que ao mesmo tempo um processo de unificação, de fragmentação e individualização. Assim os lugares se criam e se recriam novamente onde o condicionante de todo esse processo é a divisão social do trabalho, levando aos Lugares novos “conteúdos” e criando novas “formas”, lavando a constante metamorfose integrando os “objetos” e as “ações” (SANTOS, 2001, p. 25).

Segundo SANTOS, 2001, os vetores da transformação do espaço, transformação como já mencionada movida pelo processo de produção, são os “eventos”, este que são portadores de um acontecer que dialoga com as “rugosidades” já presentes nos lugares de chegada dos eventos onde a uma união entre tempo e espaço que pode ser retratada com a relação “eventos/rugosidades”. Com as condições atuais que possibilita uma rápida metamorfose do espaço é necessário se levar em conta o papel das técnicas que estabelecem estas transformações no espaço. O espaço globalizado é concebido como o meio-técnico cientifico informacional o qual passou por um longo processo até sua totalidade e que ainda caminha por uma totalização permeada pelas categorias aqui destacadas que são partes de um todo movido por um processo dialético.

Milton Santos

BIBLIOGRAFIA

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. – 4ª ed. 4ª reimpressão . – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.

18 novembro 2009

GEOGRAFIA CRÍTICA

(RADICAL OU MARXISTA)

Em meados da década de 70 a revolução quantitativa veio a sucumbir diante de novos horizontes que surgiram com a Geografia Radical que emergiu em resposta aos fenômenos sociais nos EUA. Nesta década segundo Richard Peet os EUA viviam um momento conturbado com manifestações de massa contra políticas governamentais, defesa dos direitos civis e a Guerra do Vietnã resultantes da contradição do qual o capitalismo se move. Com o movimento para uma Geografia Nova de cunho qualitativo logo esta caminhou para a radicalização pela necessidade da relevância social, a revista “Antipode” abordou temas como: as pobrezas regionais urbana, grupos minoritários, acesso à serviços sociais, porém estas abordagens investigavam apenas aspectos superficiais destas questões (PEET, 1982).

Logo a Geografia Radical buscou intervir no processo político e social através de expedições na sociedade para a Investigação Humana, os geógrafos deveriam ir até as áreas mais pobres tornando-se uma pessoa desta região indo de encontro com os problemas sociais. PEET, 1982, destaca que as expedições iriam treinar as pessoas do local com habilidades geográficas para o enfretamento das desigualdades. Em relação à “Sociedade para a Investigação Humana”, esta destacava três ramos: educação, publicações e as expedições para as áreas oprimidas, porém este trabalho de defesa de áreas de desigualdades ainda não era a Geografia Radical, esta logo iria se enveredar para o marxismo. A Geografia em direção ao marxismo se empenhou na tarefa da elaboração de um método para a análise das contradições sociais no espaço levando ao entendimento deste mecanismo através do materialismo histórico juntamente com o método dialético. A Geografia Radical caminhou para um sistema de idéias na construção de um paradigma para o pensamento geográfico social.

O que os geógrafos marxistas estão começando a construir é uma sofisticada teoria da dialética espacial na qual a descrição obvia do espaço em centro e periferia é rapidamente ultrapassada a fim de se atingi-se a análise mais complexa das relações espaciais. As relações espaciais são vistas como refletindo as relações sociais; se, nas relações sociais, algumas pessoas trabalhar para sustentar as outras, então no espaço as pessoas da periferia trabalham para sustentar as pessoas dos centros metropolitanos, inevitavelmente estabelecendo contradições e conflitos espaciais (PEET, 1982, p. 244).

Na Geografia Marxista o espaço é movido pelas contradições presentes e por um processo dialético, por exemplo: a existência e manutenção dos países ricos é sustentada a partir da existência dos países pobres, um é parte do outro, em um processo que se forma através do tempo em um materialismo histórico que se constitui pelos processos sociais que se relacionam pela produção e reprodução da base material da vida.

As principais críticas á Nova Geografia ocorrem com a sua prática, internamente pelos próprios praticantes que constituem correntes desejando seu aperfeiçoamento ou até mesmo a sua superação. Segundo FERREIRA e SIMÕES (1986, p. 90), as principais críticas surgidas são:

Os modelos em que ela se apóia são insuficientes para explicar a realidade;

Os modelos encontram-se afastados da conduta real do homem;

Os modelos procuram apenas descobrir o aspecto que tomaria o mundo em consideração apenas certos pressupostos da racionalidade econômica;

A Nova Geografia não se preocupa com a resolução dos problemas sociais.

j. Richard Peet

Richard Peet- a Geografia Radical que emergiu nos EUA em meio aos conflitos sociais e a Guerra do Vietnã juntamente com os conflitos e contradições do capitalismo.

Yves Lacoste -A geografia do subdesenvolvimento

Esta última, talvez a crítica mais forte, serviu de ideal aos descontentes na formação de uma linha opositora mais radical. Os críticos alegavam que a Nova Geografia e seu neo-positivismo cientificista se colocava a serviço da ideologia capitalista. Seu fraco embasamento teórico deixava a Geografia neutra como ciência crítica que deveria ser. Seu limitado instrumento estatístico era ineficaz ao estudo sócio-econômico e às explicações históricas dos fenômenos. Alguns ainda contestavam a própria “eficiência matemática”, como a afirmação de SILVA (1988, p. 107): “Os primeiros trabalhos com os quais tive contato pareciam-me simples exercícios técnicos que de matemática tinham pouco e de geografia menos ainda.” Esse mesmo autor contesta a utilização da expressão “revolução quantitativa”, pois a estatística não termina com as descrições deficientes tradicionais.


David Harvey

A influência do pensamento marxista na Geografia (final dos anos de 1960) significou uma ruptura com os vínculos positivistas da ciência geográfica. O espaço geográfico é visto como a própria sociedade (espacializada), fruto da reprodução do modo capitalista de produção. A Geografia Crítica na sua versão Radical (ou marxista) assume a característica de uma ciência militante voltada a denunciar e combater as contradições, injustiças e desigualdades sociais. Surge uma ciência com caráter social e até mesmo revolucionário.

  • A geografia é uma prática social em relação à superfície terrestre” (Yves Lacoste).
  • A questão do espaço não pode ser não pode ser uma resposta filosófica para problemas filosóficos, mas uma resposta calcada na prática social” (David Havey).
  • “O espaço é a morada do homem, mas pode ser também sua prisão”. (Milton Santos).

Milton Santos - um sistema de idéias para o espaço geográfico baseado na divisão social do trabalho em um sistema de objetos e ações


Bibliografia:

AMORIM Filho, Oswaldo B. Reflexões sobre as tendências teórico-metodológicas da Geografia. Belo Horizonte, ICHS, UFMG, 1978

CHRISTOFOLETTI, Antonio. As perspectivas dos estudos geográficos. In: Perspectivas da geografia. São Paulo: Difel, 1982.

CLAVAL, Paul.. A Nova Geografia. Coimbra: Almedina, 1982.

CORRÊA, Roberto L. Região e organização espacial. 4ª ed. São Paulo: Ática, 1991.

FERREIRA, Conceição C.; SIMÕES, Nataércia N. A evolução do pensamento geográfico. Lisboa: Gradiva, 1986.

MORAES, Antonio C. R. Geografia: pequena história crítica. 19ª ed. São Paulo: Annablume, 2003.

SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova: da crítica da Geografia a uma Geografia Crítica. São Paulo: Hucitec, 1978.

SILVA, Armando Corrêa da. O espaço fora do lugar, São Paulo: Hucitec, 1988.

PEET, Richard. O desenvolvimento da Geografia Radical nos Estados Unidos. In: CHRISTOFOLETTI, Antonio. Perspectivas de Geografia. São Paulo – SP: Difel, 1982.


13 novembro 2009

Humboldt e a Gegrafia Física


Alexander von Humboldt - Geógrafo, filósofo, historiador, explorador e naturalista alemão nascido em Berlim, que deu início, em fins do século, a memoráveis expedições naturalísticas e é considerado o fundador da moderna geografia física. De uma nobre e rica família da Pomerânia, província prussiana, irmão do lingüista e político Karl Wilhelm von Humboldt, estudou na Universidade de Göttingen e na Escola de Minas de Friburgo. Herdeiro de grande fortuna e atraído desde jovem pelas expedições científicas. Seus estudos sobre a distribuição das plantas e a descrição de novos animais, foram fundamentais para o desenvolvimento da fitogeografia, à zoologia e às ciências humanas, além dos estudos arqueológicos, históricos e etnográficos sobre o continente americano. Juntamente com Bonpland, denominou a floresta amazônica de hiléia. Realizou também trabalhos sobre combinação de gases e sobre correntes elétricas com Gay-Lussac e foi o grande protetor de Liebige Deixou muitos outros escritos quando morreu em Berlim, com a avançada idade de 90 anos.

12 novembro 2009

GEOGRAFIA PRAGMÁTICA

(NOVA GEOGRAFIA OU GEOGRAFIA TEÓRICO-QUANTITATIVA)
Walter Christaller
Delineada por métodos quantitativos, utilizando-se da estatística e de modelos teóricos, a Nova Geografia converge-se numa aplicação pragmática dos conhecimentos e conceitos fundamentados no neo-positivismo lógico. Os modelos utilizados foram herdados, na grande maioria dos casos, de outras áreas como a Economia, Sociologia, Etnologia, Psicologia, etc. Um dos poucos modelos tomados de geógrafos, foi o de Walter Christaller, precedente ao movimento de renovação, a Teoria dos Lugares Centrais, que de certa forma foi uma redescoberta (publicada em 1933 e traduzida para o inglês em 1955). A Teoria dos Sistemas, a tese da difusão de inovações e as noções de percepção e do comportamento foram também utilizadas (SANTOS, 1979, p. 43). A utilização do termo “Nova Geografia” foi proposta por Manhey em 1966 (e fixada por Peter Gould num artigo de 1968), considerando a difusão e desenvolvimento do conjunto de idéias e abordagens durante a década de 1950 (CHRISTOFOLETTI, 1982, p. 71). Características da Nova Geografia (CHRISTOFOLETTI): a) Rigor maior na aplicação da metodologia científica. b) Desenvolvimento de teorias. c) O uso de técnicas estatísticas e matemáticas. d) A abordagem sistêmica.e) O uso de modelos. Deve-se enfatizar que não houve uma ruptura completa, uma sucessão precisa no tempo, permanecendo a existir trabalhos de ambas perspectivas, a “Nova” e a “velha” Geografia. O corte epistemológico, no entanto, elevou ao nível e estatuto “mais indispensável ao desenvolvimento das outras ciências humanas e sociais, confirmando ao mesmo tempo, as estreitas relações com as ciências do meio” (CLAVAL, 1982, p. 11). As raízes do movimento que culminou na Nova Geografia estão presentes na ação científica para tentar solucionar a crise econômica capitalista, buscar instrumentos eficazes de controle social e nas exigências de um planejamento regional e urbano. Questões colocadas às ciências sociais no período Pós-2ª Guerra Mundial. Para atingir os objetivos expostos, a Geografia recorre ao método científico e aos modelos espaciais a partir de uma linguagem quantitativa. Uma das contribuições da Geografia está justamente no fato de permitir que um novo objeto de estudo dominante emergisse: o espaço. As relações espaciais e a sua organização (materializadas na reordenação do território e no planejamento) passam a constituir como principal categoria de análise da Geografia.

FONTE:

AMORIM Filho, Oswaldo B. Reflexões sobre as tendências teórico-metodológicas da Geografia. Belo Horizonte, ICHS, UFMG, 1978
CHRISTOFOLETTI, Antonio. As perspectivas dos estudos geográficos. In: Perspectivas da geografia. São Paulo: Difel, 1982.
CLAVAL, Paul. A Nova Geografia. Coimbra: Almedina, 1982.
CORRÊA, Roberto L. Região e organização espacial. 4ª ed. São Paulo: Ática, 1991.
FERREIRA, Conceição C.; SIMÕES, Nataércia N. A evolução do pensamento geográfico. Lisboa: Gradiva, 1986.
MORAES, Antonio C. R. Geografia: pequena história crítica. 19ª ed. São Paulo: Annablume, 2003.
SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova: da crítica da Geografia a uma Geografia Crítica. São Paulo: Hucitec, 1978.
SILVA, Armando Corrêa da. O espaço fora do lugar, São Paulo: Hucitec, 1988.

11 novembro 2009

MOVIMENTO DE RENOVAÇÃO DA GEOGRAFIA


  • Tem início um movimento de renovação no momento em que a Geografia tradicional conhece uma crise. A busca de novos caminhos, nova linguagem, novas propostas, enfim uma liberdade maior de reflexão e criação.

  • Em meados do século XX a Geografia, orientada pelos seus velhos paradigmas, consegue apenas descrever e compreender realidades de um mundo tradicional.

Mudanças:

  • Econômicas (ex. época monopolista dos trustes e do grande capital, visão de estado como regulador e na ordenação da vida econômica);

  • Tecnológicas (avanços na física, química, engenharia, novos inventos, descobrimentos e procedimentos entram em cena);

  • No pensamento e método científico (corrente filosófica do chamado positivismo lógico que privilegia a quantificação com o uso de modelos matemáticos e estatísticos, representando uma aplicação do método científico aos fatos sociais);
Fatores:
  • Planejamento econômico (arma da intervenção do Estado) e territorial coloca função para as ciências humanas de gerar instrumental de intervenção (assumem feição mais tecnológica). A Geografia não apontava nessa direção, por isso a razão da crise (crise de linguagem – descritiva, insuficiente; crise metodológica e instrumental). Deveria se buscar novas técnicas para análise geográfica.

  • Urbanização atinge graus até então desconhecidos;

  • Quadro agrário modifica-se com a industrialização e mecanização da atividade agrícola;

  • O “local” perde espaço para o internacional devido a articulação cada vez mais crescente com uma economia mundializada (centros de decisão internacional) o que defasou o instrumental de pesquisa de uma Geografia criada para resolver situações simples, quadros locais fechados (complexidade da organização do espaço).

Fonte:

AMORIM Filho, Oswaldo B. Reflexões sobre as tendências teórico-metodológicas da Geografia. Belo Horizonte, ICHS, UFMG, 1978
CHRISTOFOLETTI, Antonio. As perspectivas dos estudos geográficos. In: Perspectivas da geografia. São Paulo: Difel, 1982.
CLAVAL, Paul. A Nova Geografia. Coimbra: Almedina, 1982.
CORRÊA, Roberto L. Região e organização espacial. 4ª ed. São Paulo: Ática, 1991.
FERREIRA, Conceição C.; SIMÕES, Nataércia N. A evolução do pensamento geográfico. Lisboa: Gradiva, 1986.
MORAES, Antonio C. R. Geografia: pequena história crítica. 19ª ed. São Paulo: Annablume, 2003.
SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova: da crítica da Geografia a uma Geografia Crítica. São Paulo: Hucitec, 1978.
SILVA, Armando Corrêa da. O espaço fora do lugar. São Paulo: Hucitec, 1988.

10 novembro 2009

GEOGRAFIA TRADICIONAL


Clássica( Alemã): Sistematização com Humboldt e Ritter, funda a Geografia acadêmica e estabelecem princípios, objetos e objetivos para a ciência geográfica. Geografia surge nos moldes positivistas de uma ciência natural. A combinação e entre fenômenos inter-relacionados (clima, relevo, vegetação, geologia e outros) resultam nas correlações causais que resultam na unidade da natureza( visão universalista, enciclopédica, empirismo descritivo, ...). Determinismo Ambiental: Ratzel e a Escola Alemã (espaço vital, geopolítica, ambientalismo). Visão naturalista aplicada ao estudo da sociedade.


Possibilismo: La Blache e a Geografia Regional (escola francesa: paisagem-região, gênero de vida). Analogia organicista: processo evolutivo e de maturação da região, onde muitas obras humanas se fixam incorporados sem contradições ao quadro final da ação humana sobre natureza Região e pais agem se equivalem representando uma entidade concreta, visível, palpável. Componentes humanos e da natureza se entrelaçam harmoniosamente. (alguns autores identificam no Possibilismo a entrada do historicismo na Geografia).

Yi-Fu Tuan e Hartshorne

Geografia Racional e Método regional: (HETTNER E HARTSHORNE): Richard Hartshorne é considerado um dos responsáveis pela transição para a renovação na Geografia. Moraes (2003, p. 85) denomina como Geografia Racional devido a menor carga empírica dessa corrente. Alfred Hettner, que publicou suas obras entre 1890 e 1910 influenciou diretamente Hartshorne. Hettner foi uma espécie de terceiro caminho para a análise geográfica no período de maior confronto entre o Determinismo e Possibilismo. HETTNER propôs a Geografia como estudo de áreas,. A geografia tem para ele, o objetivo de explicar as razões pelas quais as diversas porções da superfície terrestre se diferenciam. O caráter singular das diferentes parcelas do espaço viria da forma particular de inter-relação entre os fenômenos aí existentes, cabendo á geografia descobrir e explicar. HARTSHORNE teve como maior característica a discussão epistemológica da Geografia. O método regional, criado por Hartshorne (obra data de 1939) entendia ser objeto específico da geografia a diferenciação de áreas que constituiria na própria regionalização, na consideração do conjunto de fenômenos heterogêneos que definiria cada espaço. A região seria produto mental obtido a partir do uso pelo pesquisador de critérios metodológicos para o recorte espacial. Hartshorne salientava a necessidade do estudo de casos individuais. A generalização viria depois com a comparação dos diferentes estudos.

FONTE:
AMORIM Filho, Oswaldo B. Reflexões sobre as tendências teórico-metodológicas da Geografia. Belo Horizonte, ICHS, UFMG, 1978
CHRISTOFOLETTI, Antonio. As perspectivas dos estudos geográficos. In: Perspectivas da geografia. São Paulo: Difel, 1982.
CLAVAL, Paul.. A Nova Geografia. Coimbra: Almedina, 1982.
CORRÊA, Roberto L. Região e organização espacial. 4ª ed. São Paulo: Ática, 1991.
FERREIRA, Conceição C.; SIMÕES, Nataércia N. A evolução do pensamento geográfico. Lisboa: Gradiva, 1986.
MORAES, Antonio C. R. Geografia: pequena história crítica. 19ª ed. São Paulo: Annablume, 2003.
SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova: da crítica da Geografia a uma Geografia Crítica. São Paulo: Hucitec, 1978.
SILVA, Armando Corrêa da. O espaço fora do lugar, São Paulo: Hucitec, 1988.

15 outubro 2009

MILTON SANTOS (1926 / 2001 )


Biografia Resumida
O Prof. Dr. Milton Santos (Milton de Almeida Santos ou Milton Almeida dos Santos), nasceu em Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia, no dia 03 de Maio de 1926. Geógrafo e livre pensador brasileiro, homem amoroso, afável, fino, discreto e combativo, dizia que a maior coragem, nos dias atuais, é pensar, coragem que sempre teve. Doutor honoris causa em vários países, ganhador doprêmio Vautrin Lud, em 1994 (oprêmio Nobel da geografia), professor em diversos países (em função do exílio político causado pela ditadura de 1964), autor de cerca de 40 livros e membro da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, entre outros.
O Prof. Milton Santos formou-se em Direito no ano de 1948, pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), foi professor em Ilhéus e Salvador, autor de livros, que surpreenderam os geógrafos brasileiros e de todo o mundo, pela originalidade e audácia: "O Povoamento da Bahia" (48), "O Futuro da Geografia" (53), "Zona do Cacau" (55) entre muitos outros. Em 1958, já voltava da Universidade de Estrasburgo, da França, com o doutorado em Geografia, trabalhou no jornal "A Tarde" e na CPE (Comissão de Planejamento Econômico-BA), precursora da Sudene, foi preso em 1964 e exilado. Passou o período entre 1964 a 1977 ensinando na França, Estados Unidos, Canadá, Peru, Venezuela, Tânzania; escrevendo e lutando por suas idéias.
Foi o único brasileiro e receber um "prêmio Nobel", o Vautrin Lud, que é como um Nobel de Geografia. Outras de suas magistrais obras são: "Por Uma Outra Globalização" e "Território e Sociedade no Século XXI" (editora Record) .
Milton Santos, este grande brasileiro, morreu em São Paulo-SP, no dia 24 de Junho de 2001, aos 75 anos, vítima de câncer.


Livros de Milton Santos

Confiram a comunidade do orkut Milton Santos, há várias discussões sobre este que é considerado o maior geográfo brasileiro abaixo algumas obras de Milton Santos em formato PDF para downloand no 4shared, clik na imagem do livro que pretende fazer o downloand:

13 outubro 2009

Encontro com Milton Santos ou um Mundo Global visto do Lado de Cá


Sinopse: O filme trata do processo de globalização com base no pensamento do geógrafo Milton Santos, que, por suas idéias e práticas, inspira o debate sobre a sociedade brasileira e a construção de um novo mundo.

Gênero: Documentário
Origem/Ano: BRA/2006
Direção: Silvio Tendler
Roteiro: Silvio Tendler
Formato: RMVB
Áudio: Português
Duração: 89 min
Tamanho: 476 MB
Servidor: Rapidshare (5 partes)

YVES LACOSTE


Yves Lacoste nasceu em Fes (Marrocos) em 1929. Entre 1947 e 1951 completou o curso de Estudos Superiores de Geografia na Sorbonne.
Em 1948 ele adere ao Partido Comunista Francês e se liga, então, a numerosas personalidades de movimentos nacional argelino. A partir de 1952 leciona história e geografia no liceu Bugeau em Argel. Em 1955 retorna a Paris.
Seu manuscrito Os países sub-desenvolvidos, após muitos anos de recusas, é editado pela PUF dentro da coleção “Que sais-je” e logo se torn a um dos best-sellers da editora. Essa obra será traduzida (traduções oficiais e piratas) para mais de trinta línguas. Ele pública, em 1965, pela mesma editora, A Geografia do sub-desenvolvimento. Em 1968 é renomeado professor-assistente da nova universidade de Vincennes, Paris VIII.
Em 1970 o debate da existência da revista Heródote contaminou sociólogos, historiadores e geógrafos e surgiu pela primeira vez a questão: “A quem serve a geografia?” em junho de 1972, em plena guerra do Vietnã, Yves Lacoste pública no Le Monde um importante artigo sobre a geomorfologia das planícies aluviais de Hanói e, após um visita ao Vietnã do Norte em agosto de 1972, ele traz à luz a estratégica americana de bombardeio dos Diques vietnamitas. O artigo que ele publicou no Le Monde a 15 de agosto de 1972 terá grande repercussão na opinião pública americana. O bombardeio dos Diques cessará pouco depois.
Em março de 1976 escreve: A Geografia – Isso serve , em Primeiro Lugar, para Fazer a Guerra. A partir dos anos 80 Yves Lacoste e os membros da revista Heródote se dedicam aos problemas de geopolíticas internas e externas, em escala regional, nacional, continental e internacional.
Heródote, pela sua tiragem, é a mais importante revista francesa de geografia e permanece como a única de geografia geopolítica.
Uma das grandes críticas que Yves coloca em suas obras é a negligencia dos filosofos em relação as bases epistemologicas onde esta fundada a geografia. Ele alerta todos os geografos a verem o poder da geografia, que é uma arma usada pelas massas para controlar os menores que desconhecem o seu poderiu. Clama a sairmos da miopia de achar que a geografia é uma matéria simploria e enfadonha de apenas decorar caracteristicas da esfera terrestre, de númerar e quantificar os homens ou mesmo de criar um sentimento patriótico.

Paulo Wendell Alves de Oliveira