
BIBLIOGRAFIA:
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria Cecília França. São Paulo: Ática, 1993.
BIBLIOGRAFIA:
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria Cecília França. São Paulo: Ática, 1993.
Ao enfocar toda uma linha histórica de construção do objeto de estudo para a Geografia é necessário se ressaltar aqui a construção miltoniana para espaço geográfico. Milton Santos representa a corrente da Geografia Crítica no Brasil que nasce no final das décadas de 70, em “Por uma Geografia Nova”, lançada em 1978, SANTOS, considera o espaço como uma instância da sociedade construída e reconstruída através de um processo dialético. Os debates epistemológicos por muito tempo correram em torno da Geografia como ciência, entretanto o seu objeto ficou esquecido. SANTOS, 2001, trouxe a importância para a discussão em torno do objeto e método da Geografia como primordial construindo um longo projeto de um sistema de idéias sobre o espaço geográfico. “Trata-se de formular um sistema de conceitos (jamais um só conceito!) que dê conta de todo e das partes em sua interação” (SANTOS, 2001, p. 77).
SANTOS, 2001, considera o espaço primeiramente como um “conjunto de fixos e fluxos”, os elementos fixos como estradas, pontes, construções, barragens e etc, os fluxos são os movimentos que são condicionados pelas ações. Há uma interação entre os fixos e os fluxos construindo e reconstruindo o espaço, os fixos que produzem fluxos, e este que levam a reprodução de fixos e vice-versa. Ao aprofundar a discussão SANTOS, 2001, defini o espaço como “um conjunto indissociável, solidário e também contraditório de um sistema de objetos e sistema de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá. No decorrer da evolução e da apropriação do espaço o homem cada fez mais substitui elementos naturais por objetos artificiais que funcionam como uma engrenagem. No sistema de idéias feito por SANTOS, 2001, os objetos e ações são partes indissociáveis que formam o espaço, onde ambos interagem entre si:
De um lado os sistema de objetos condicionam a forma como se dão as ações e, de outro lado , o sistemas de ações leva a criação de objetos novos ou se realiza sobre os objetos pré-existentes. É assim que o espaço encontra a sua dinâmica e se transforma (SANTOS, 2001, p 63).
O espaço é o conjunto desta interação entre ações e objetos como processo ou resultado levando a uma multiplicidade de situações e processos. Na sistematização de um sistema de idéias que SANTOS, 2001, faz sobre o espaço é elaborado um conjunto de conceitos sobre o espaço como um “conjunto indissociável de sistema de objetos e sistema de ações”. Assim o espaço pode ser explicado pelas: categorias analíticas internas, recortes espaciais e pelos processos básicos que são externos ao espaço. As categorias analíticas internas são; paisagem, configuração territorial, divisão territorial do trabalho, o espaço produzido ou produtivo, as rugosidades e as formas conteúdo. Entre os recortes espaciais estão: região, lugar, redes e escala. Externos ao espaço são destacados os processos básicos: a técnica, a ação, os objetos, a norma e os eventos a universalidade e a particularidade, a totalidade e totalização, a temporalização e a temporalidade, a idealização e a objetivação, os símbolos e a ideologia.
Cabe aqui algumas definições de alguns conceitos do sistema de idéias de SANTOS, 2001, comecemos pela “configuração territorial”. Para SANTOS, 2001 a “configuração territorial” é o conjunto de sistemas naturais em uma área, Milton Santos não considera como espaço, mas sendo apenas a materialidade, no espaço esta presente esta materialidade juntamente com a vida que o anima. Com o desenvolvimento histórico do homem o conjunto de complexos naturais vai sendo moldado pelo homem criando as “próteses” que SANTOS, 2001, considera como uma extensão do corpo do homem que estende ao espaço. Paisagem é a porção da configuração territorial que é possível abarcar com a visão, ou seja, é o conjunto de elementos naturais, porém em uma área mais delimitada. A paisagem é o conjunto de elementos naturais e humanizados, retirando a presença da sociedade, porém a sua dinâmica se dá mais pela ação da sociedade por acumulações e substituições por ação de diferentes sociedades. Há uma indivisibilidade dos objetos das ações pelo fato de haver um constante movimento produção e reprodução do espaço levando para uma constante sucessão das “formas-conteúdo”, ou seja, o espaço tem objetos com formas, mas também conteúdo que leva a interagir com a estas formas estas com o conteúdo. Com o processo de “totalidade” e possível compreender o movimento das “formas-conteúdo”, sendo que a “totalidade” é processo constante, havendo neste a “totalização” que ao mesmo tempo um processo de unificação, de fragmentação e individualização. Assim os lugares se criam e se recriam novamente onde o condicionante de todo esse processo é a divisão social do trabalho, levando aos Lugares novos “conteúdos” e criando novas “formas”, lavando a constante metamorfose integrando os “objetos” e as “ações” (SANTOS, 2001, p. 25).
Segundo SANTOS, 2001, os vetores da transformação do espaço, transformação como já mencionada movida pelo processo de produção, são os “eventos”, este que são portadores de um acontecer que dialoga com as “rugosidades” já presentes nos lugares de chegada dos eventos onde a uma união entre tempo e espaço que pode ser retratada com a relação “eventos/rugosidades”. Com as condições atuais que possibilita uma rápida metamorfose do espaço é necessário se levar em conta o papel das técnicas que estabelecem estas transformações no espaço. O espaço globalizado é concebido como o meio-técnico cientifico informacional o qual passou por um longo processo até sua totalidade e que ainda caminha por uma totalização permeada pelas categorias aqui destacadas que são partes de um todo movido por um processo dialético.
Milton Santos
BIBLIOGRAFIA
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. – 4ª ed. 4ª reimpressão . – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.
(RADICAL OU MARXISTA)
Em meados da década de 70 a revolução quantitativa veio a sucumbir diante de novos horizontes que surgiram com a Geografia Radical que emergiu em resposta aos fenômenos sociais nos EUA. Nesta década segundo Richard Peet os EUA viviam um momento conturbado com manifestações de massa contra políticas governamentais, defesa dos direitos civis e a Guerra do Vietnã resultantes da contradição do qual o capitalismo se move. Com o movimento para uma Geografia Nova de cunho qualitativo logo esta caminhou para a radicalização pela necessidade da relevância social, a revista “Antipode” abordou temas como: as pobrezas regionais urbana, grupos minoritários, acesso à serviços sociais, porém estas abordagens investigavam apenas aspectos superficiais destas questões (PEET, 1982).
Logo a Geografia Radical buscou intervir no processo político e social através de expedições na sociedade para a Investigação Humana, os geógrafos deveriam ir até as áreas mais pobres tornando-se uma pessoa desta região indo de encontro com os problemas sociais. PEET, 1982, destaca que as expedições iriam treinar as pessoas do local com habilidades geográficas para o enfretamento das desigualdades. Em relação à “Sociedade para a Investigação Humana”, esta destacava três ramos: educação, publicações e as expedições para as áreas oprimidas, porém este trabalho de defesa de áreas de desigualdades ainda não era a Geografia Radical, esta logo iria se enveredar para o marxismo. A Geografia em direção ao marxismo se empenhou na tarefa da elaboração de um método para a análise das contradições sociais no espaço levando ao entendimento deste mecanismo através do materialismo histórico juntamente com o método dialético. A Geografia Radical caminhou para um sistema de idéias na construção de um paradigma para o pensamento geográfico social.
O que os geógrafos marxistas estão começando a construir é uma sofisticada teoria da dialética espacial na qual a descrição obvia do espaço em centro e periferia é rapidamente ultrapassada a fim de se atingi-se a análise mais complexa das relações espaciais. As relações espaciais são vistas como refletindo as relações sociais; se, nas relações sociais, algumas pessoas trabalhar para sustentar as outras, então no espaço as pessoas da periferia trabalham para sustentar as pessoas dos centros metropolitanos, inevitavelmente estabelecendo contradições e conflitos espaciais (PEET, 1982, p. 244).
Na Geografia Marxista o espaço é movido pelas contradições presentes e por um processo dialético, por exemplo: a existência e manutenção dos países ricos é sustentada a partir da existência dos países pobres, um é parte do outro, em um processo que se forma através do tempo em um materialismo histórico que se constitui pelos processos sociais que se relacionam pela produção e reprodução da base material da vida.
As principais críticas á Nova Geografia ocorrem com a sua prática, internamente pelos próprios praticantes que constituem correntes desejando seu aperfeiçoamento ou até mesmo a sua superação. Segundo FERREIRA e SIMÕES (1986, p. 90), as principais críticas surgidas são:
Os modelos em que ela se apóia são insuficientes para explicar a realidade;
Os modelos encontram-se afastados da conduta real do homem;
Os modelos procuram apenas descobrir o aspecto que tomaria o mundo em consideração apenas certos pressupostos da racionalidade econômica;
A Nova Geografia não se preocupa com a resolução dos problemas sociais.
Yves Lacoste -A geografia do subdesenvolvimento
Esta última, talvez a crítica mais forte, serviu de ideal aos descontentes na formação de uma linha opositora mais radical. Os críticos alegavam que a Nova Geografia e seu neo-positivismo cientificista se colocava a serviço da ideologia capitalista. Seu fraco embasamento teórico deixava a Geografia neutra como ciência crítica que deveria ser. Seu limitado instrumento estatístico era ineficaz ao estudo sócio-econômico e às explicações históricas dos fenômenos. Alguns ainda contestavam a própria “eficiência matemática”, como a afirmação de SILVA (1988, p. 107): “Os primeiros trabalhos com os quais tive contato pareciam-me simples exercícios técnicos que de matemática tinham pouco e de geografia menos ainda.” Esse mesmo autor contesta a utilização da expressão “revolução quantitativa”, pois a estatística não termina com as descrições deficientes tradicionais.
David Harvey
A influência do pensamento marxista na Geografia (final dos anos de 1960) significou uma ruptura com os vínculos positivistas da ciência geográfica. O espaço geográfico é visto como a própria sociedade (espacializada), fruto da reprodução do modo capitalista de produção. A Geografia Crítica na sua versão Radical (ou marxista) assume a característica de uma ciência militante voltada a denunciar e combater as contradições, injustiças e desigualdades sociais. Surge uma ciência com caráter social e até mesmo revolucionário.
Milton Santos - um sistema de idéias para o espaço geográfico baseado na divisão social do trabalho em um sistema de objetos e ações
Bibliografia:
AMORIM Filho, Oswaldo B. Reflexões sobre as tendências teórico-metodológicas da Geografia. Belo Horizonte, ICHS, UFMG, 1978
CHRISTOFOLETTI, Antonio. As perspectivas dos estudos geográficos. In: Perspectivas da geografia. São Paulo: Difel, 1982.
CLAVAL, Paul.. A Nova Geografia. Coimbra: Almedina, 1982.
CORRÊA, Roberto L. Região e organização espacial. 4ª ed. São Paulo: Ática, 1991.
FERREIRA, Conceição C.; SIMÕES, Nataércia N. A evolução do pensamento geográfico. Lisboa: Gradiva, 1986.
MORAES, Antonio C. R. Geografia: pequena história crítica. 19ª ed. São Paulo: Annablume, 2003.
SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova: da crítica da Geografia a uma Geografia Crítica. São Paulo: Hucitec, 1978.
SILVA, Armando Corrêa da. O espaço fora do lugar, São Paulo: Hucitec, 1988.
PEET, Richard. O desenvolvimento da Geografia Radical nos Estados Unidos. In: CHRISTOFOLETTI, Antonio. Perspectivas de Geografia. São Paulo – SP: Difel, 1982.
FONTE:
AMORIM Filho, Oswaldo B. Reflexões sobre as tendências teórico-metodológicas da Geografia. Belo Horizonte, ICHS, UFMG, 1978
CHRISTOFOLETTI, Antonio. As perspectivas dos estudos geográficos. In: Perspectivas da geografia. São Paulo: Difel, 1982.
CLAVAL, Paul. A Nova Geografia. Coimbra: Almedina, 1982.
CORRÊA, Roberto L. Região e organização espacial. 4ª ed. São Paulo: Ática, 1991.
FERREIRA, Conceição C.; SIMÕES, Nataércia N. A evolução do pensamento geográfico. Lisboa: Gradiva, 1986.
MORAES, Antonio C. R. Geografia: pequena história crítica. 19ª ed. São Paulo: Annablume, 2003.
SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova: da crítica da Geografia a uma Geografia Crítica. São Paulo: Hucitec, 1978.
SILVA, Armando Corrêa da. O espaço fora do lugar, São Paulo: Hucitec, 1988.
Mudanças:
Fonte:
Geografia Racional e Método regional: (HETTNER E HARTSHORNE): Richard Hartshorne é considerado um dos responsáveis pela transição para a renovação na Geografia. Moraes (2003, p. 85) denomina como Geografia Racional devido a menor carga empírica dessa corrente. Alfred Hettner, que publicou suas obras entre 1890 e 1910 influenciou diretamente Hartshorne. Hettner foi uma espécie de terceiro caminho para a análise geográfica no período de maior confronto entre o Determinismo e Possibilismo. HETTNER propôs a Geografia como estudo de áreas,. A geografia tem para ele, o objetivo de explicar as razões pelas quais as diversas porções da superfície terrestre se diferenciam. O caráter singular das diferentes parcelas do espaço viria da forma particular de inter-relação entre os fenômenos aí existentes, cabendo á geografia descobrir e explicar. HARTSHORNE teve como maior característica a discussão epistemológica da Geografia. O método regional, criado por Hartshorne (obra data de 1939) entendia ser objeto específico da geografia a diferenciação de áreas que constituiria na própria regionalização, na consideração do conjunto de fenômenos heterogêneos que definiria cada espaço. A região seria produto mental obtido a partir do uso pelo pesquisador de critérios metodológicos para o recorte espacial. Hartshorne salientava a necessidade do estudo de casos individuais. A generalização viria depois com a comparação dos diferentes estudos.
FONTE:Confiram a comunidade do orkut Milton Santos, há várias discussões sobre este que é considerado o maior geográfo brasileiro abaixo algumas obras de Milton Santos em formato PDF para downloand no 4shared, clik na imagem do livro que pretende fazer o downloand:
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A Geografia, isso em primeiro lugar, serve para fazer guerra